segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Machado de Assis

Hoje, 29 de setembro de 2008, faz 100 anos que Machado de Assis deixou a vida e uma herança literária para a humanidade.

"Cada estação da vida é uma edição, que corrige a anterior, e que será corrigida também, até a edição definitiva, que o editor da de graça aos vermes."
(Do livro Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis)

"(...) o modo de compensar uma janela fechada é abrir outra, a fim de que a moral possa arejar continuamente a consciência."
(Do livro Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis)

"(...) se não guardas as cartas da juventude, não conhecerás um dia a filosofia das folhas velhas (...)"
(Do livro Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis)

"Nem o remorso é outra coisa mais do que o trejeito de uma consciência que se vê hedionda".
(Do livro Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis)

"O vexame (...) é uma sensação penosa, e a hipocresia (...) é um vício hediondo."
(Do livro Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis)

"(...) o homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmete a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas."
(Do livro Quincas Borba de Machado de Assis)

"As mulheres que são apenas mulheres choram, arrufam-se ou resignam-se; as que têm alguma coisa além da debilidade feminina, lutam ou recolhem-se à dignidade do silêncio."
(Do livro Helena de Machado de Assis)

sábado, 13 de setembro de 2008


Os Miseráveis (Victor Hugo)
Livro Segundo - A queda
capítulo VIII

"Homem ao mar!Que importa! O navio não pára. O vento é suave, e o navio tem rumo a seguir. Portanto, avante.
O homem que caiu ao mar desaparece, torna a aparecer, mergulha, sobe a superfície; grita; ninguém o ouve. O navio, estremecendo com a violência do furacão, vai todo entregue à manobra; os marinheiros e passageiros nem mesmo vêem o homem submergido; a mísera cabeça do infeliz é apenas um ponto na enormidade das vagas.São desesperados os gritos que o desgraçado solta das profundezas. Que espectro aquela vela que se afasta! Comtempla-a, vê-a convés com os companheiros; pouco ainda antes, vivia. Que teria, pois acontecido? Escorregara, caiu; acabou-se.Debate-se nas águas monstruosas; debaixo dos pés tudo lhe foge e se desloca. As ondas revoltadas e retalhadas pelo vento rodeiam-no, medonhas, os rolos do abismo arrebatam-no, a plebe das vagas cospe-lhe às faces, e confusas aberturas quase o devoram; cada vez que afunda entrevê precípicios tenebrosos; sente presos os pés por desconhecidas e horrendas vegetações; as ondas arremessam-se umas contra as outras, bebe a amargura, o oceano convarde empenha-se em afogá-lo, a imensidade diverte-se com a sua agonia.O homem mesmo assim, luta.Diligencia defende-se, intenta suster-se, emprega todos os esforços, consegue nadar. Ele, força perecível, de repente, exausto, combate a força que é inesgotável.Onde está o navio? Muito longe. Mal se avista nas lívidas sombras do horizonte.O mar é inexorável noite social, onde a penalidade lança os condenados. O mar é a miséria imensurável.A alma, em tal báratro, pode tornar-se cadáver. Quem a ressucitará?"