domingo, 13 de julho de 2008


Estou numa fase Clarice, então para falar do que estou sentido...Clarice fala por mim.
Sonho
Sonhe com aquilo que você quiser.
Seja o que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que quer.

Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.

As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos.

A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passam por suas vidas.

Clarice Lispector

sábado, 12 de julho de 2008

Mito de Criação Grego: Teogonia (parte 1)

Teogonia é o poema Mitológico de Hesíodo, poeta do séc. VII a.C, que narra o nascimento dos Deuses e os reinados de Urano, Crono e Zeus.

Para contar o Mito o poeta evocava as musas. Evocando as musas ele tinha acesso direto aos acontecimentos que evocava e entrava em contato com o outro mundo, o mundo dos Deuses.


Hesíodo, para contar o mito de criação grego, evocava as musas:


"Pelas Musas heliconíades comecemos a cantar. Elas têm grande e divino monte Hélicon, em volta da fonte violácea com pés suaves dançam e do altar do bem forte filho de Crono. Banharam a terna pele no Permesso ou na fonte do Cavalo ou no Olmio divino e irrompendo com os pés fizeram coros belos ardentes no ápice do Hélicon. Daí precipitando-se ocultas por muita névoa vão em renques noturnos lançado belíssima voz(...)" (Hesíodo, Teogonia)


Mito de Criação Grego: Teogonia


No ínicio tudo é Caos, uma imensa confusão onde tudo é indistinto. Depois surge a Terra - Gáia Deusa da terra, da terra subterrânea – a primeira demarcação de algo definido, firme e limitado. Depois aparece o Tártaro nevoento, que será após a definição do mundo o representante do caos primordial e que se colocará abaixo de Gáia. Posteriormente ao surgimento do Caos e da Terra nasce Eros, o amor primordial. E do Caos surge Érebos e Noite e da Noite e Érebos nascem Éter e Dia. E Gáia fez nascer de si própria o Céu (Urano), as Montanhas, o Mar e todas as águas.


Urano estava o tempo todo sobre Gáia num coito ininterrupto. Unida ao Céu, Terra acaba grávida de: Coiós, Crios, Hipérion, Jápeto, Teia, Réia, Têmis, Memória, Tétis e Crono, estes foram, mais tarde, nomeados pelo pai de Titãs e Titânidas. Gáia engravidou ainda de Trovão, Relâmpago e Arges, os Ciclopes. E ainda de Cotos, Briareu e Giges, os Cem-Braços.


Todos os filhos estavam presos no ventre de Gáia, pois o pai não dava espaço para que ela pudessem pari-los.




Sentindo muitas dores e furiosa por reter em seu ventre Titãs, Ciclopes e Cem-Braços. Gaía forja um plano para livra-se de Urano e fazer vir à luz seus filhos. Para isso ela os convoca à executar tal ardiu.


"Filhos meus e do pai estólio, se quiserdes ter-me fé, puniremos o maligno ultraje de vosso pai, pois ele tramou antes obras indgnas"


De todos os filhos, é de Crono, o mais moço, a coragem para castrar o pai, liberar a mãe de suas dores e pôr em liberdade seus irmãos.
"Mãe, isto eu prometo e cumprirei a obra, porque nefado não me importa o nosso pai, pois ele tramou antes obras indignas".

De posse da foice dentada, fabricada nas entranhas de Gáia, Crono põe-se de tocaia e ceifa o membro viril do pai lançando-o a esmo para trás. Dos respingos de sangue do membro amputado de Urano nascem as Erínias (instrumentos da vingaça, punição famíliar, que fazem com que o Crime se repita.), os Gigantes e as Ninfas chamadas Freixos.


E da espuma do membro lançado ao mar nasce a bela Deusa Afrodite.


"Afrodite Deusa nascida da espuma e bem-coroada Citeréia apelidaram homens e Deuses, porque da espuma criou-se e Citeréia porque tocou Citera, Cípria porque nasceu na undosa Chipre, e Amor-do-pênis porque saiu do pênis à luz."


Reinado de Crono


Destronado Urano, agora é Crono o Rei do Universo. Ele uni-se a Réia e também tem seus filhos, porém cada vez que o filho saía do ventre da mãe devorava-o o pai temendo ser também destronado por seus filhos.

"E engoli-os o grande Crono tão logo cada um do ventre sagrado da mãe descia aos joelhos, tramando-o para que outro dos magníficos Uranidas não tivesse entre os imortais a honra de rei." Réia descontente com a atitude de Crono junta-se com Gáia e planejam uma artimanha para que o filho caçula também não fosse devorado pelo pai.

Réia dá a luz a Zeus secretamente, numa gruta, deixando o menino Deus sob os cuidados de seres divinos para que Crono de nada desconfie.


Para Crono, Réia ofereceu uma pedra enrolada em cueiros, e Crono "tomando-a na mão meteu-a ventre abaixo".

E enquanto isso Zeus cresce em graça, beleza e força. E ao chegar em idade de tomar posse do trono, ajudado por Gáia e Réia fez Crono tomar um phármakon, na verdade um vomitório, que o fez lançar para fora primeiro a pedra, por último engolida, seguida dos irmãos divinos de Zeus em ordem decrescente do devoramento.






sexta-feira, 11 de julho de 2008

Falar de Clarice é falar da alma humana e ler sua obra é desvendar um pouco seus mistérios...ou ainda reconhecer-se como uma de suas personagens.
Este é um dos meus contos favoritos de Clarice.

Feliciadade Clandestina
Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criaça devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria.
Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordasíssima palavras como "data natalícia" e "saudade".
Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ância de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.
Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como que casualmente, informou-me que possuía AS REINAÇÕES DE NARIZINHO, de Monterio Lobato. Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria.
Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança de alegria: eu não vivia, nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam.
No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.
Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono da livraria era tranqüilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do "dia seguinte" com ela ia se repetir com meu coração batendo.
E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra.
Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados.
Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler!
E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: "E você fica com o livro por quanto tempo quiser." Entendem? Valia mais do que me dar o livro: "pelo tempo que eu quisesse" é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer.
Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo.
Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre ia ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.
Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo.
Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.

Clarice Lispector. In: "Felicidade Clandestina"

domingo, 6 de julho de 2008

Clarice Lispector



Clarice Lispector nasceu em 1925 na Ucrânia e veio para o Brasil com dois anos de idade. Passou parte da infância em Recife e em 1934 mudou-se para o Rio de Janeiro onde em 1977 veio a falecer.

Estreou na literatura ainda muito jovem, aos 19 anos de idade, com o romance Perto do Coração Selvagem (1943), que teve calorosa acolhida da crítica e recebeu o Prêmio Graça Aranha.

Nos seus romances e contos o interesse principal é a repercussão dos fatos sobre a consciência das personagens. Sua obra é uma literatura introspectiva com o objetivo de submergir as profundezas do espírito humano e revelar seus anseios e dúvidas.



Principais Obras:

Romance
Perto do Coração selvagem (1944)
O ilustre (1946)
A cidade sitiada (1949)
A maçã no escuro (1961)
A paixão segundo G. H., (1964)
Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres (1969)
Água viva (1973)
A hora da estrela (1977)

Conto
Laços de família (1960)
A legião estrangeira (1964)
Felicidade Clandestina (1971)
Imitação da rosa (1973)
A via-crúsis do corpo (1974)
Onde estivestes de noite (1974)
Um sopro de vida (1978)


Para ilustra a obra de Clarice quero falar de:


Uma Amizade Sincera
Não é que fôssemos amigos de longa data. Conhecemo-nos apenas no último ano da escola. Desde esse momento estávamos juntos a qualquer hora. Há tanto tempo precisávamos de um amigo que nada havia que não confiássemos um ao outro. Chegamos a um ponto de amizade que não podíamos mais guardar um pensamento: um telefonava logo ao outro, marcando encontro imediato. Depois da conversa, sentíamo-nos tão contentes como se nos tivéssemos presenteado a nós mesmos. Esse estado de comunicação contínua chegou a tal exaltação que, no dia em que nada tínhamos a nos confiar, procurávamos com alguma aflição um assunto. Só que o assunto havia de ser grave, pois em qualquer um não caberia a veemência de uma sinceridade pela primeira vez experimentada.
Já nesse tempo apareceram os primeiros sinais de perturbação entre nós. Às vezes um telefonava, encontrávamo-nos, e nada tínhamos a nos dizer. Éramos muito jovens e não sabíamos ficar calados. De início, quando começou a faltar assunto, tentamos comentar as pessoas. Mas bem sabíamos que já estávamos adulterando o núcleo da amizade. Tentar falar sobre nossas mútuas namoradas também estava fora de cogitação, pois um homem não falava de seus amores. Experimentávamos ficar calados — mas tornávamo-nos inquietos logo depois de nos separarmos.
Minha solidão, na volta de tais encontros, era grande e árida. Cheguei a ler livros apenas para poder falar deles. Mas uma amizade sincera queria a sinceridade mais pura. À procura desta, eu começava a me sentir vazio. Nossos encontros eram cada vez mais decepcionantes. Minha sincera pobreza revelava-se aos poucos. Também ele, eu sabia, chegara ao impasse de si mesmo.
Foi quando, tendo minha família se mudado para São Paulo, e ele morando sozinho, pois sua família era do Piauí, foi quando o convidei a morar em nosso apartamento, que ficara sob a minha guarda. Que rebuliço de alma. Radiantes, arrumávamos nossos livros e discos, preparávamos um ambiente perfeito para a amizade. Depois de tudo pronto — eis-nos dentro de casa, de braços abanando, mudos, cheios apenas de amizade.
Queríamos tanto salvar o outro. Amizade é matéria de salvação.
Mas todos os problemas já tinham sido tocados, todas as possibilidades estudadas. Tínhamos apenas essa coisa que havíamos procurado sedentos até então e enfim encontrado: uma amizade sincera. Único modo, sabíamos, e com que amargor sabíamos, de sair da solidão que um espírito tem no corpo.
Mas como se nos revelava sintética a amizade. Como se quiséssemos espalhar em longo discurso um truísmo que uma palavra esgotaria. Nossa amizade era tão insolúvel como a soma de dois números: inútil querer desenvolver para mais de um momento a certeza de que dois e três são cinco.
Tentamos organizar algumas farras no apartamento, mas não só os vizinhos reclamaram como não adiantou.
Se ao menos pudéssemos prestar favores um ao outro. Mas nem havia oportunidade, nem acreditávamos em provas de uma amizade que delas não precisava. O mais que podíamos fazer era o que fazíamos: saber que éramos amigos. O que não bastava para encher os dias, sobretudo as longas férias.
Data dessas férias o começo da verdadeira aflição.
Ele, a quem eu nada podia dar senão minha sinceridade, ele passou a ser uma acusação de minha pobreza. Além do mais, a solidão de um ao lado do outro, ouvindo música ou lendo, era muito maior do que quando estávamos sozinhos. E, mais que maior, incômoda. Não havia paz. Indo depois cada um para seu quarto, com alívio nem nos olhávamos.
É verdade que houve uma pausa no curso das coisas, uma trégua que nos deu mais esperanças do que em realidade caberia. Foi quando meu amigo teve uma pequena questão com a Prefeitura. Não é que fosse grave, mas nós a tomamos para melhor usá-la. Porque então já tínhamos caído na facilidade de prestar favores. Andei entusiasmado pelos escritórios de conhecidos de minha família, arranjando pistolões para meu amigo. E quando começou a fase de selar papéis, corri por toda a cidade — posso dizer em consciência que não houve firma que se reconhecesse sem ser através de minha mão.
Nessa época encontrávamo-nos de noite em casa, exaustos e animados: contávamos as façanhas do dia, planejávamos os ataques seguintes. Não aprofundávamos muito o que estava sucedendo, bastava que tudo isso tivesse o cunho da amizade. Pensei compreender por que os noivos se presenteiam, por que o marido faz questão de dar conforto à esposa, e esta prepara-lhe afanada o alimento, por que a mãe exagera nos cuidados ao filho. Foi, aliás, nesse período que, com algum sacrifício, dei um pequeno broche de ouro àquela que é hoje minha mulher. Só muito depois eu ia compreender que estar também é dar.
Encerrada a questão com a Prefeitura — seja dito de passagem, com vitória nossa — continuamos um ao lado do outro, sem encontrar aquela palavra que cederia a alma. Cederia a alma? Mas afinal de contas quem queria ceder a alma? Ora essa.
Afinal o que queríamos? Nada. Estávamos fatigados, desiludidos.A pretexto de férias com minha família, separamo-nos. Aliás ele também ia ao Piauí. Um aperto de mão comovido foi o nosso adeus no aeroporto. Sabíamos que não nos veríamos mais, senão por acaso. Mais que isso: que não queríamos nos rever. E sabíamos também que éramos amigos. Amigos sinceros.
Clarice Lispector. In "Felicidade Clandestina"

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Machado de Assis


Machado de Assis

Foi o meu primeiro grande amor literário!
E meu primeiro Machado de Assis: Dom Casmurro.
Ainda me lembro o dia em que as leituras obrigatórias da escola passaram a ser prazerosas. Foi o dia que eu conheci Bentinho e Capitu...

"Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética para dizer o que foram aqueles olhos de Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá idéia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca."
(Capítulo 32 - Dom Casmurro, Machado de Assis)

2008 o ano do centenário de um dos maiores expoentes da literatura brasieleira: Jaoaquim Maria Machado de Assis.