domingo, 23 de novembro de 2008
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
Machado de Assis
Hoje, 29 de setembro de 2008, faz 100 anos que Machado de Assis deixou a vida e uma herança literária para a humanidade.
"Cada estação da vida é uma edição, que corrige a anterior, e que será corrigida também, até a edição definitiva, que o editor da de graça aos vermes."
(Do livro Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis)
"(...) o modo de compensar uma janela fechada é abrir outra, a fim de que a moral possa arejar continuamente a consciência."
(Do livro Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis)
"(...) se não guardas as cartas da juventude, não conhecerás um dia a filosofia das folhas velhas (...)"
(Do livro Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis)
"Nem o remorso é outra coisa mais do que o trejeito de uma consciência que se vê hedionda".
(Do livro Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis)
"O vexame (...) é uma sensação penosa, e a hipocresia (...) é um vício hediondo."
(Do livro Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis)
"(...) o homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmete a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas."
(Do livro Quincas Borba de Machado de Assis)
"As mulheres que são apenas mulheres choram, arrufam-se ou resignam-se; as que têm alguma coisa além da debilidade feminina, lutam ou recolhem-se à dignidade do silêncio."
(Do livro Helena de Machado de Assis)
sábado, 13 de setembro de 2008
capítulo VIII
domingo, 13 de julho de 2008
Seja o que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que quer.
Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.
As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos.
A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passam por suas vidas.
Clarice Lispector
sábado, 12 de julho de 2008
Mito de Criação Grego: Teogonia (parte 1)
Para contar o Mito o poeta evocava as musas. Evocando as musas ele tinha acesso direto aos acontecimentos que evocava e entrava em contato com o outro mundo, o mundo dos Deuses.
Hesíodo, para contar o mito de criação grego, evocava as musas:
"Pelas Musas heliconíades comecemos a cantar. Elas têm grande e divino monte Hélicon, em volta da fonte violácea com pés suaves dançam e do altar do bem forte filho de Crono. Banharam a terna pele no Permesso ou na fonte do Cavalo ou no Olmio divino e irrompendo com os pés fizeram coros belos ardentes no ápice do Hélicon. Daí precipitando-se ocultas por muita névoa vão em renques noturnos lançado belíssima voz(...)" (Hesíodo, Teogonia)
"Filhos meus e do pai estólio, se quiserdes ter-me fé, puniremos o maligno ultraje de vosso pai, pois ele tramou antes obras indgnas"
Destronado Urano, agora é Crono o Rei do Universo. Ele uni-se a Réia e também tem seus filhos, porém cada vez que o filho saía do ventre da mãe devorava-o o pai temendo ser também destronado por seus filhos.
"E engoli-os o grande Crono tão logo cada um do ventre sagrado da mãe descia aos joelhos, tramando-o para que outro dos magníficos Uranidas não tivesse entre os imortais a honra de rei." Réia descontente com a atitude de Crono junta-se com Gáia e planejam uma artimanha para que o filho caçula também não fosse devorado pelo pai.
Réia dá a luz a Zeus secretamente, numa gruta, deixando o menino Deus sob os cuidados de seres divinos para que Crono de nada desconfie.
Para Crono, Réia ofereceu uma pedra enrolada em cueiros, e Crono "tomando-a na mão meteu-a ventre abaixo".
E enquanto isso Zeus cresce em graça, beleza e força. E ao chegar em idade de tomar posse do trono, ajudado por Gáia e Réia fez Crono tomar um phármakon, na verdade um vomitório, que o fez lançar para fora primeiro a pedra, por último engolida, seguida dos irmãos divinos de Zeus em ordem decrescente do devoramento.
sexta-feira, 11 de julho de 2008
Este é um dos meus contos favoritos de Clarice.
No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.
Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono da livraria era tranqüilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do "dia seguinte" com ela ia se repetir com meu coração batendo.
E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra.
Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados.
Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler!
E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: "E você fica com o livro por quanto tempo quiser." Entendem? Valia mais do que me dar o livro: "pelo tempo que eu quisesse" é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer.
Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo.
Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre ia ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.
Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo.
Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.
domingo, 6 de julho de 2008
Clarice Lispector
Clarice Lispector nasceu em 1925 na Ucrânia e veio para o Brasil com dois anos de idade. Passou parte da infância em Recife e em 1934 mudou-se para o Rio de Janeiro onde em 1977 veio a falecer.
Estreou na literatura ainda muito jovem, aos 19 anos de idade, com o romance Perto do Coração Selvagem (1943), que teve calorosa acolhida da crítica e recebeu o Prêmio Graça Aranha.
Nos seus romances e contos o interesse principal é a repercussão dos fatos sobre a consciência das personagens. Sua obra é uma literatura introspectiva com o objetivo de submergir as profundezas do espírito humano e revelar seus anseios e dúvidas.
Principais Obras:
Romance
Perto do Coração selvagem (1944)
O ilustre (1946)
A cidade sitiada (1949)
A maçã no escuro (1961)
A paixão segundo G. H., (1964)
Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres (1969)
Água viva (1973)
A hora da estrela (1977)
Conto
Laços de família (1960)
A legião estrangeira (1964)
Felicidade Clandestina (1971)
Imitação da rosa (1973)
A via-crúsis do corpo (1974)
Onde estivestes de noite (1974)
Um sopro de vida (1978)
Para ilustra a obra de Clarice quero falar de:
sexta-feira, 4 de julho de 2008
Machado de Assis
Machado de Assis
Foi o meu primeiro grande amor literário!E meu primeiro Machado de Assis: Dom Casmurro.
Ainda me lembro o dia em que as leituras obrigatórias da escola passaram a ser prazerosas. Foi o dia que eu conheci Bentinho e Capitu...
"Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética para dizer o que foram aqueles olhos de Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá idéia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca."
(Capítulo 32 - Dom Casmurro, Machado de Assis)
2008 o ano do centenário de um dos maiores expoentes da literatura brasieleira: Jaoaquim Maria Machado de Assis.