terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Projeto Leitura Cronológica: Casa Velha

MACHADO DE ASSIS, Joaquim Maria (1839-1908). Casa Velha. Porto Alegre, RS: L&PM, 2011.


"Urgia contar-lhe tudo; mas aqui confesso que não achava palavras. Era grave a notícia; o efeito devia ser violento, porque, conquanto ela cuidasse estar abandonada por outra, a esperança lá se aninharia nalgum recanto do coração, e nada está perdido enquanto o coração espera alguma coisa". (p.116)

Casa Velha -  como nos conta Marcelo Frionz no pósfácio do livro - não foi publicado no formato de livro por Machado de Assis. Casa Velha saiu em capitulos na revista A Estação (entre jan 1885 e fev 1886) e somente em 1944 esses capitulos foram reunidos pela biográfa Lúcia Miguel Pereira e então publicado no formato de livro.

O texto é narrado em primeira pessoa. São as lembranças de um padre que ao recorrer a biblioteca de uma família tradicional, com o objetivo de escrever um livro sobre a história do reinado de Dom Pedro I, acaba se envolvendo num conflito famíliar.

Um dos primeiros pontos que me chamou a atenção foi a narrativa do livro. Foi como voltar aos romances da primeira fase da obra de Machado de Assis. Essa impressão ficou mais forte porque havia acabado de ler Memórias Póstumas. O segundo ponto, foi o enredo. Uma sensação de Déjà vu me acompanhou durante toda a leitura do livro pelo fato de o "grande conflito" da história ser muito similiar a Iaiá Garcia e até Helena. Assim como em Iaiá Garcia, em Casa Velha também encontramos uma mãe obsecada por impedir que o filho se case com a mocinha pobre (sua protegida) e para tal proposito recorre a ajuda de uma figura de influência para o filho, neste caso o padre. E uma pitada do drama que encontramos em Helena, um amor incestuoso. Até a maneira como Lalau (a mocinha em questão) lida com as reviravoltas da história me lembrou um pouco Helena. E se você quiser mesmo encontrar um pouco dos outros romances de Machado de Assis em Casa Velha ainda posso citar o nome do mocinho, Félix, o mesmo nome do protagonista do primeiro romance de Machado, Ressureição.

Casa Velha não é o melhor livro de Machado de Assis, mas como disse Marcelo Frionz "merece ser muito mais lido". Aliás, o pósfácio de Casa Velha é um texto muito interessante e também vale a pena ser lido.