segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Poesia

Amor-Perfeito
(Laurindo Rabelo)


Secou-se a rosa...era rosa;
Flor tão fraca e melindrosa,
Muito não pode durar
Exposta a tantos calores,
Embora fossem de amores,
Cedo devia secar.

Porém, tu, amor-perfeito,
Tu, nascido, tu afeito
Aos incêndios que amor tem,
Tu que abrasas, tu que inflamas,
Tu que vegetas nas chamas,
Por que secastes também?!

Ah! bem sei. De acesas fráguas
As chamas são tuas águas,
O fogo é água de amor.
Como as rosas se murcharam
Porque as águas lhe falharam,
Sem fogo murchastes, flor.

É assim, que bem florente
Eras, quando o fogo ardente
De uns olhos que raios são,
Em breve, mas doce prazo,
Te orvalhou naquele vaso
Que já foi meu coração.

Secastes, porque esse pranto
Que chorei e choro há tanto,
De todo o fogo apagou.
Triste, sem fogo, sem frágua,
Secaste, como sem água,
A triste rosa secou.

Que olhos foram aqueles!
Quando eu mais fiava deles
Meu presente a meu porvir,
Faziam curéis ensaios
Para matar-me. Eram raios,
Tinham por fim destruir.

Destruíram-me; contudo
Perdôo o pesar agudo,
Perdôo a pungente dor
Que sofri nos meus tormentos,
Para felizes momentos
Que me deram nesta flor.

Ai! seca flor, de bom grado,
Se tanto pedisse o fado,
Quisera sacrificar
Liberdade e pensamento,
Sangue, vida, movimento.
Luz, olfato, sons e ar,

Só para ver-te florente
Como quando o fogo ardente
De uns olhos que raios são,
Em breve, mas doce prazo,
Te orvalhou naquele vaso
Que já foi meu coração.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

123º Aniversário de Fernando Pessoa


(Imagem: José Sobral de Almada Negreiros)

Hoje, 13 de junho, comemora-se o
123º aniversário do poeta português Fernando Antonio Nogueira Pessoa. Um dos maiores poetas da língua portuguesa e da literatura universal, Fernando Pessoa se revela em muitos Eus: Ricardo Reis, Alvaro de Campos, Alberto Caeiro e Bernardo Soares para encantar leitores pelo mundo afora. Para homenageá-lo segue abaixo um trecho do Livro do Desassossego - meu livro preferido do Fernando Pessoa.

(...)
Considero a vida uma estalagem onde tenho de me demorar até que chegue a diligência do abismo. Não sei onde ela me levará, porque não sei nada. Poderia considerar esta estalagem uma prisão, porque estou compelido a aguardar nela; poderia considerá-la um lugar de sociáveis, porque aqui me encontro com outros. Não sou, porém, nem impaciente nem comum. Deixo ao que são os que se fecham no quarto, deitados moles na cama onde esperam sem sono; deixo ao que fazem os que conversam nas salas, de onde as músicas e as vozes chegam cómodas até mim. Sento-me à porta e embebo meus olhos e ouvidos nas cores e nos sons da paisagem, e canto lento, para mim só, vagos cantos que componho enquanto espero.
Para todos nós decerá a noite e chegará a diligência. Gozo a brisa que me dão e a alma que me deram para gozá-la, e não interrogo mais nem procuro. Se o que deixar escrito no livro dos viajantes puder, relido um dia por outros, entretê-los também na passagem, será bem. Se não o lerem, nem se entretiverem, será bem também."

(Fernando Pessoa, 1888-1935. Livro do Desassossego. São Paulo: Companhia das Letras, 2006)



sexta-feira, 13 de maio de 2011

Adaptações de o Morro dos ventos uivantes

Qualquer um que já tenha lido (ou mesmo aquele que nunca leu) o romance O Morro dos Ventos Uivantes certamente já assistiu alguma adaptação da obra para o cinema ou tv. Os personagens de Emily Brontë, o vingativo Heathcliff e a indomável Cathy, ganharam vida na pele de diferentes atores e atrizes em diferentes épocas. E por mais que o tempo passe a obra de Emily continua ganhando novas adaptações. Vamos conhecer algumas delas!

A Primeira adaptação do romance foi em 1920 e teve como Heathcliff e Cathy os atores Milton Rosmer e Colette Brettel.



Alguns anos depois, em 1939, mais uma filmagem de Wuthering Heights, desta vez com Laurece Oliver e Merle Oberon como Heathcliff e Cathy. Nesta adaptação de 39 a segunda geração é ignorada (jovem Cathy, Linton e Hareton).







A terceira adaptação veio em 1950 trazendo os atores Charlon Heston e Richard Waring nos papéis principais.






Em 1954, uma versão mexicana de Wuthering Heights leva o título de Abismos de Pasión (Escravos do Rancor) e transforma Heathcliff e Cathy em Alejandro e Catalina, sendo interpretados por Jorge Mistral e Iraseme Dilian.








Em 1967 mais uma adaptação, uma série para Tv britânica, em 4 episódios traz Angela Scoular e Ian McShane como Cathy e Heathcliff.










Em 1970, mais uma adaptação cinematográfica com Anna Calder-Marshall e Timothy Dalton. Essa foi a primeira versão em cores. cores de Wuthering Heights.









Em 1978 foi lançada pela BBC uma minissérie em 5 capitulos, estrelada por Ken Hutchison (como Heathcliff) e Kay Adshead (como Catherine).









Em 1985 mais uma versão, desta vez francesa, com o título Hurlevent. Nos papéis principais, Lucas Belvaux e Fabienne Babe.







Em 1988 mais uma versão, agora, japonesa. Arashi ga oka traz Yusaku Matsuda e Yuko Tanaka nos papéis principais.




Em 1992, a mais famosa adaptação do romance de Emily Bronte. Com Ralph Fiennes e Juliette Binoche como Heathcliff e Cathy.
Esta parece ter sido a primeira adaptação que a segunda geração (jovem Cathy, Linton e Hareton) é incluída. No filme, Juliette Binoche encarna as duas Cathy's.










Em 1998, mais uma versão para TV traz Robert Cavanah e Orla Brady como Heathcliff e Cathy.










Em 2003 uma versão para MTV traz Heathcliff e Cathy numa versão contemporânea com Erika Christensen e Mike Vogel nos papéis principais. Erika Christensen e Mike Vogel.













Em 2004, uma produção italiana em dois episódios, sob o título Cime Tempestose. Dirigida por Fabricio Costa traz no elenco Alissio Boni, como Heathcliff e Anita Caprioli como Catherine.










Em 2009 mais uma vercsão para a TV, dividida em 2 partes, estrelando Tom Hardy e Charlotte Riley, como Heathclif e Cathy.








Então, qual é a sua versão preferida? Para mim, as adaptações de 1992 e 2009 são ótimas e com interpretações excelentes, apesar de não serem o retrato fiel do livro. Também tenho um carinho especial pela adaptação de 1939 e também pela versão de 1998, apesar de não ter gostado muito dos atores escolhidos para os personagem principais para a adaptação de 98, essa adaptação é bem fiel ao livro.


domingo, 10 de abril de 2011

O último andar


(Imagem: O Andarilho Sobre o Mar de Neblina, c.1818 Caspar David Friedrich)

No último andar é mais bonito:
do último andar se vê o mar.
É lá que eu quero morar.
O último andar é muito longe:
custa-se muito a chegar.
Mas é lá que eu quero morar.
Todo o céu fica a noite inteira
sobre o último andar.
É lá que eu quero morar.
Quando faz lua, no terraço
fica todo o luar.
É lá que eu quero morar.
Os passarinhos lá se escondem,
para ninguém os maltratar:
no último andar.
De lá se avista o mundo inteiro:
tudo parece perto, no ar.
É lá que eu quero morar:
no último andar.

(In: Ou Isto ou Aquilo. Cecília Meireles)

Duzentos anos de Razão e Sensilidade

AUSTEN, Jane. Razão e Sensibilidade (edição bilíngue) - Sense and Sensibility/ Jane Austen; (tradução e notas Adriana sales Zardini) - São Paulo: Editora Landmark, 2010.



Razão e Sensibilidade (Landmark, 2010, 447 páginas)
- primeiro livro publicado (1811) de Jane Austen, mas não o primeiro escrito por ela - narra as desventuras das irmãs Dashwood: Elionor e Marianne.
Após a morte do pai, Elionor, Marianne, Mr. Dashwood e Margaret (a irmã caçula) são obrigadas a mudar de seu antigo lar para um pequeno chalé cedido por um parente distante. Em meio a decadência financeira, Elionor que encarna o arquétipo da razão descobre o amor e suas adversidades na figura do pouco expressivo Mr. Ferras. Sua irmã Marianne, arquétipo da sensibilidade, também encontrará o amor na figura de Willoughby. Vivendo de forma intensa seus benefícios assim como sofrendo dráticamente as desiluções do mesmo, para depois encontrar calmaria no amor do Coronel Brandon.
A narrativa apresenta ainda outros personagens que provocam risos e antipatia no leitor. No primeiro grupo podemos citar Mrs. Jennings e Sir John Middleton. Já para o segundo, Fanny Dashwood, John Dashwood e Lucy Steel.
Um execelente livro! Indispensável a qualquer um que goste dos romances de Jane Austen e recomendável para todos que gostam de uma boa leitura.