terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Desafio Literário - Fevereiro: um clássico mundial

Anônimo. Livro das mil e uma noites, volume 1: ramo sírio [introdução, notas, apêndices e tradução do árabe: Mamede Mustafa Jarouche.] - 3 ed. São Paulo: Globo, 2006. 



"Este mundo é ilusão, e o homem é  imagem transitória: mal chega e já se foi". (In:  Noite 138: O jovem de Mossul e sua namorada ciumenta - p. 310)

Para o mês de fevereiro do desafio literário - um livro clássico mundial - minha escolha: Mil e uma noite volume 1.

Neste primeiro volume das Mil e uma noites conta-se que um rei chamado Sahzaman foi  traído pela esposa e após matá-la e também amante resolve seguir viagem para a casa do irmão mais velho Sahriyar. Acontece porém que Sahriyar também era traído pela esposa. Então Sahzaman, o irmão mais moço, que estava abatido por sua condição de homem traído volta a se alegrar porque até mesmo o seu irmão mais velho, Sahriyar, que é um rei poderoso foi traído por sua esposa. 

Sahriyar por sua vez fica revoltado com a infidelidade das mulheres e toma a decisão de a cada noite casa-se com uma mulher e na manhã seguinte executá-la e assim ele não seria mais traído por uma esposa. Essa conduta do rei acabou causando pânico na cidade até que Sahrazad, filha do vizir do rei, decide casa-se com Sahriyar. Mas Sahrazad tinha um plano: a cada noite ela iria entreter o rei com espantosas histórias. 

Esse primeiro volume das Mil e uma noites contém 170 noites de histórias contadas por Sahrazad aos rei Sahriyar. É interessante notar que basicamente em todas as narrativas de Sahrazad suas personagens também contam suas histórias para salvar suas vidas. Outra curiosidade é que no livro tem algumas insinuações sexuais, algumas até bem explícitas, principalmente na primeira parte do livro onde estão sendo apresentadas as circunstâncias que levam o rei Sahriyar a matar suas esposas após as núpcias. E também na 110 noite em O carregador e as três jovens de Bagdá.

Outra situação inusitada e que chama a atenção é que antes do casamento Sahrazad combina com sua irmã mais nova, Dinarzad, o seguinte ardil:
"Minha irmanzinha, preste atenção no que vou lhe recomendar: assim que eu subir até o rei, vou mandar chamá-la . Você subirá e, quando o rei já se satisfez em mim, diga-me: 'Ó irmanzinha, se você não tiver dormindo, conte-me uma historinha'. Então eu contarei a vocês histórias que serão o motivo da minha salvação e da liberdade de toda esta nação pois farão o rei abandonar o costume de matar mulheres". (p. 56)


Pois é, Dinarzad dorme junto a cama  do casal toda noite! Mas de fato, como diz Dinarzad, as histórias de sua irmã são espantosas. Algumas mais enfadonhas mas ainda assim são narrativas insólitas. Gosto mais das que envolvem gênios (ifrit): criaturas com poderes mágicos porém malvadas e em nada lembram o agradável gênio azul da animação da Disney.

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