quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Projeto Leitura Cronológica: Helena

MACHADO DE ASSIS, Joaquim Maria (1839-1908). Helena.  Porto Alegre, RS: L&PM, 2012.

"A princípio foi esse olhar um simples encontro; mas, dentro de alguns instantes, era alguma coisa mais. Era a primeira revelação, tácita mas consciente, do sentimento que os ligava. Nenhum deles procurava esse contato de suas almas, mas nenhum fugiu. O que eles disseram um ao outro, com os simples olhos, não se escreve no papel, não se pode repetir ao ouvido; confissão misteriosa e secreta, feita de um a outro coração..." (p. 214)

Esse foi o segundo livro que li do autor há alguns anos atrás - para ser mais precisa há oito anos atrás. Lembro de ter lido e gostado do livro, apesar de ficar um tanto agustiada com o final. Lembro de me perguntar "ai meus Deus isso vai mesmo acontecer?!" Mas eu gostei porque de uma forma um tanto "esquisita" gosto finais tristes. Não sei, mas os livros que são: tristes, estranhos, imperfeitos são aqueles que me deixam impressões mais profundas.

Já nesta segunda leitura que fiz do livro (tendo em vista o Projeto Leitura Cronólogica da obra de Machado de Assis) minhas impressões mudaram um pouco, mas ainda assim minha opinião final é de que Helena é um bom livro. Ele é recheado de reviravoltas que fazem o leitor (curioso) não largar o livro até entender o que de fato está acontecendo.

Dos livros ditos da fase romântica de Machado de Assis que li (até o momento) esse o que mais se encaixa no perfil do romantismo. Nele podemos encontrar algumas das caracteríticas que ilustram esse período literário, são elas: idealização da mulher, amor proibido e a fuga da realidade pela morte.

O livro conta a história de Helena que é reconhecida como filha legítima após a morte do Conselheiro Vale, seu suposto pai. A partir daí ela passa a viver com a família do Conselheiro, seu filho Estácio e sua irmã Úrsula. Helena vai aos poucos conquistando a família e conforme a história vai caminhando percebemos como Estácio vai aos poucos se apaixonando por Helena colocando em cena uma relação "icenstuosa" - coloco icestuosa entre aspas porque descobrimos ao longo do texto que não se trata exatamente de uma relação entre irmãos biológicos. E aqui eu coloco uma pergunta: Será que Machado de Assis teve receio da opinião pública sobre o tema do incesto e por isso recorreu a um desvio que colocou os personagem livres de um amor pecaminoso?

Enfim, o fato é que Helena e Estácio tem uma malfadada sorte e mesmo quando se encontram "livres" de certos impedimentos morais não conseguem sair do plano da idealização.

Seja quais forem as críticas feitas a esse livro eu o tenho como um dos meus preferidos do autor. E usando das palavras de Machado (e adaptando), eu digo: "Dos que então li, este me é particularmente prezado".


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