terça-feira, 2 de outubro de 2012

Projeto Leitura Cronológica

Quando eu era criança adorava ler contos infantis e na adolecencia li muita bobagem que se dedica a essa fase da vida. Mas lia também muita poesia na urgência de encontrar eco para os meus amores platônicos, inclusive chegando a produzir meus próprios arremedos de poesia. Entretanto, foi mesmo Machado de Assis que me fez gostar de ler. Ter prazer em ler.

O meu primeiro Machado de Assis foi Dom Casmurro. Me encantei com essse livro e o li e reli muitas vezes. E na esperança de compartilhar meu recém descoberto amor pela leitura presentei amigas com exemplares do livro. Pois bem, foi esse livro que abriu portas para a descoberta de muitos outros títulos e autores.

Recentemente, acompanhando um video do canal literário da querida Patricia Pirota (do blog Ainda Menina Má) me chamou atenção sua ideia de ler a obra do Machado cronologicamente. Imediatamente me animei a fazer o mesmo. Já tinha lido suas principais obras e muitos de seus contos, mas nunca a obra completa. E achei interessantíssima a ideia de lê-lo cronologicamente, talvez uma oportunidade de ver seu amadurecimento como escritor e é claro ler sua obra completa.

Embarquei nesse Projeto Leitura Cronológica da obra de Machado de Assis e cada vez que concluir a leitura de um livro venho compartilhar minhas impressões sobre a obra. Abaixo segue meus comentários sobre Ressureição, primeiro romance Machadiano publicado em 1872.

MACHADO DE ASSIS, Joaquim Maria (1839-1908). Ressureição. Porto Alegre, RS: Editora L&PM, 2011.

Em meus comentários vou tentar não revelar muito do enredo. Infelizmente muitos dos livros clássicos já conhecemos seu contéudo mesmo sem nunca o ter lido. Mas esses livros menos conhecidos de autores consagrados é bom não saber mesmo, não ler sinopse e descobrir a história durante a leitura. Por essa razão vou tentar revelar o menos possível para que você possa ter sua surpresa, a sua própria descoberta da história.

Meu primeiro pesamento ao concluir a leitura foi: com certeza não é a melhor obra de Machado de Assis, mas é um bom livro. 

Ressureição não é um romance óbvio. O final não é o que os romanticos preferem mas é um final característico do Machado. Nenhum de seus livros termina (pelo menos todos os que eu li até o momento termina com "e foram felizes para sempre",ainda que o sejam a seu modo). E o que me parece nesse livro é que mesmo na fase romantica (do momento literário que foi escrito) Machado já era realista, apesar de seus personagem também adoecerem de amor (no livro tanto Raquel quando Lívia liralemente caem doente por amor a Felix) ninguém morreu por essa razão, na verdade as personagens conseguem seguir sua vida sem mais dramas.

 Além disso, gostaria de apontar alguns pontos que me lembraram livros posteriores do Machado. A cena que dá inicio ao romance me causou aquela sensação de dèjá vu. Um homem que recentemente recebeu uma herança, admirando a paisagem do Rio de Janeiro de sua janela. Logo em seguida recebendo a visita de um "amigo" parasita que fica para o almoço. Essa cena me lembrou fortemente de uma passagem de Quincas Borba. Fora isso, o ciúme cego de Félix me lembrou Bento Santiago (de Dom Casmurro). Enfim, alguns elementos que se "repetiram" mas que se aperfeiçoam ao logo dos seus escritos.

Ainda que (minha opinião como leitora) o livro não seja o melhor dos livros, é uma leitura interessate. E essa edição da L&PM além de uma pequena biográfia do autor traz também um panorama do Rio de Janeiro da época e mais um mapa da cidade, do Rio de Janeiro em que Machado escreveu sua história. Recomendo!



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